Diariamente a ciência aprende mais sobre o
corpo e, com certa frequência, contradiz o que acreditava anteriormente ou, até
mesmo, torna as coisas mais simples. E é isso justamente o que temos
acompanhado no mundo dos treinos, a simplificação na forma de treinar sem
grandes equipamentos, resgatando o valor do treino do movimento.
Percebeu-se que a ideia de praticar exercícios
isolados em um ambiente estável, como quando feito em uma
cadeira ou em um banco, por exemplo, não correspondia às necessidades de
preparo para a vida diária, seja dos afazeres rotineiros, práticas esportivas
ou atividades atléticas, pois nenhuma dessas atividades ocorrem em um ambiente
totalmente previsível e protegido. Assim, mais correlato à realidade, os
treinos que integram e dissociam movimentos, que instigam o equilíbrio
(a instabilidade compreende um alto custo para o corpo), que despertam a
consciência corporal, isto é, o autoconhecimento, tornaram-se uma tendência e o
futuro. O termo "funcional", diz respeito à função e, neste caso, à funcionalidade do corpo que precisa potencializar as suas próprias capacidades e corrigir algumas propensões que poderiam ter como resultado, a disfunção e suas consequências.
Raramente, encontramos um indivíduo que não apresente certas compensações e desequilíbrios musculares, problemas comuns inclusive entre os atletas, com o agravante não somente no desempenho, como nas suas consequências, como alta incidência de lesões ao longo do tempo e afastamento do esporte.
Basicamente, esses desequilíbrios e compensações, podem ser atribuídos a três alterações na função muscular:
- · À excessiva contração e tensão, em virtude do encurtamento dos músculos que proporcionam o movimento, que implica o risco de estiramento, podendo vir a inibir o grupo de músculos opostos, em um processo denominado inervação recíproca;
- · Ao enfraquecimento dos músculos que controlam o movimento, fazendo com que outros músculos maiores ou mais fortes, tenham que assumir o papel daqueles enfraquecidos. O enfraquecimento dos músculos dos músculos estabilizadores e antigravitacionais, mais responsáveis pelo alinhamento e sustentação postural e controlam o movimento, afeta significativamente a sua resistência e isso pode significar a incapacidade de funcionar por um período tão longo quanto uma tarefa exige.
Isso realmente nos ajuda a compreender e estreitar o foco do treinamento, com um olhar mais voltado à simultaneidade dos fatos e, mais uma vez afasta a idéia de olhar para o corpo como partes estanques e torna-se motivo de analisarmos o todo e suas inter-relações.
Conta-se que Joseph Pilates, ao receber uma bailarina com dores no tornozelo, começou o seu treinamento pela correção e fortalecimento da parte central do corpo, o "core". Ao ser indagado pela mesma, que esperava um tratamento local, ele respondeu "Quando todo o corpo estiver funcionando em harmonia, esse problema desaparecerá". Há também uma frase muito relevante, que eu repito muito em nossas aulas: "Somos tão fortes quanto o nosso elo mais fraco".
Tanto da história do Sr. Pilates, quanto dessa última frase, só há uma só conclusão: Somos uma unidade e assim, funcionamos. Precisamos buscar ter um corpo forte, mas em equilíbrio. Deixar de lado a ideia de esforço excessivo e "treinar o controle e a estabilidade frente as tarefas", para que cada parte possa reaprender a exercer e expressar o papel ao qual foi designado. Os exercícios devem conter a semente da correção, não focar aonde se manifesta o problema e criar condições para que todo e qualquer movimento ocorra, de forma mais segura e natural.
Claudia B., c.pilatesyoga@gmail.com
Pós-Graduação: Método Pilates – Fisioterapia Esportiva/
Certificação: Yoga – Treinamento Funcional – Sling Training
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